No Paraná, fatia ilegal chega a 57%; produto paraguaio tem venda proibida no Brasil e está no topo das apreensões feitas pela Receita Federal.
O cigarro contrabandeado representa 50% ou mais do mercado em 14 estados brasileiros, aponta uma pesquisa do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade feita com dados de 2016. Quase todo o produto, que tem a venda proibida no Brasil, é produzido no Paraguai e está no topo das apreensões feitas pela Receita Federal.
Apesar da proibição, a equipe de reportagem da RPC em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, flagrou o comércio ilegal feito livremente próximo à fronteira com o Paraguai.
Em bares e lanchonetes, um maço de cigarros de marca paraguaia é vendido a R$ 2. Já os de marcas brasileiras não saem por menos de R$ 5,75.
Em um dos estabelecimentos, o vendedor garante a qualidade do cigarro contrabandeado. “Este aqui é igual ou pior que o brasileiro?”, pergunta o repórter. “É a mesma coisa, cara. Isso aí é cigarro bom. O que mais vende aqui é esse aí”, diz o vendedor ao falar do produto paraguaio.
Apreensões
Segundo a Receita Federal, de janeiro a setembro mais de 160 milhões de maços de cigarros foram apreendidos no Brasil, volume 27% maior do que o registrado no mesmo período de 2016.
Apesar das ações de repressão ao contrabando, o levantamento mostra que os cigarros ilegais são vendidos em território brasileiro não apenas nas regiões de fronteira.
Em Mato Grosso do Sul e na Bahia, por exemplo, as marcas estrangeiras detêm mais de 70% do mercado. No Paraná, o índice chega a 57%, enquanto a média nacional é de 45%.
"As apreensões têm aumentado em todas as regiões. Ao mesmo tempo, os contrabandistas têm tentado utilizar outras rotas para introduzir essa mercadoria no país”, aponta o auditor fiscal da Receita Federal em Foz do Iguaçu Hipolito Caplan.
Prejuízos
Além dos prejuízos econômicos – entre 2011 e 2016, estima-se que o país deixou de arrecadar mais de R$ 30 bilhões -, o cigarro contrabandeado também tem efeitos ainda mais devastadores sobre a saúde.
Um estudo feito pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), em 18 marcas de cigarros paraguaios foram encontradas substâncias cancerígenas e tóxicas em níveis 11 vezes acima do permitido no Brasil.
“Isso predispõe distúrbios de memória, distúrbios de comportamento, dor de cabeça crônica, alterações intestinais e também fica mais fácil ter câncer”, destaca a médica Regina Gonçalves Dias.
Confira a fatia que o cigarro contrabandeado ocupa em cada estado:
Acre – 47%
Alagoas – 54%
Amazonas – 50%
Amapá – 59%
Bahia – 72%
Ceará – 34%
Distrito Federal - 46%
Espírito Santo – 28%
Goiás – 31%
Maranhão – 60%
Minas Gerais – 41%
Mato Grosso do Sul – 78%
Mato Grosso – 69%
Pará – 67%
Paraíba – 56%
Pernambuco – 43%
Piauí – 57%
Paraná – 57%
Rio de Janeiro – 20%
Rio Grande do Norte – 53%
Rondônia – 57%
Roraima – 51%
Rio Grande do Sul – 35%
Santa Catarina – 50%
Sergipe – 39%
São Paulo – 45%
Tocantins – 32%
Fonte: G1